A história de Frank Geyer Abubakir e UNIPAR
Unipar, lendária pioneira da indústria petroquímica brasileira, cresce cada vez mais, mesmo durante a pandemia, nas certeiras mãos de seu chairman e acionista, Frank Geyer Abubakir, que multiplica os ativos da companhia.
Produzindo essas três commodities, a Unipar teve uma histórica performance em 2020, justamente o primeiro ano crítico em que vivemos a pandemia e onde o mercado enfrentou muitas oscilações. De início, houve uma queda brusca nos pedidos de PVC logo no primeiro semestre do ano passado. Finalmente, quase que no término do ano, 2020 glorificou, representativamente, um crescimento de 26,9% da receita bruta em comparação a 2019.
Houve, além disso, um aumento de 5% de utilização de capacidade instalada em operações de soda cáustica e cloro nas unidades da Unipar que fabricam: Santo André e Cubatão, que ficam em São Paulo, e Bahia Blanca, localizada na Argentina.
Sem dúvida, podemos afirmar que as histórias da Unipar, fundada em 1969, e as de seus acionistas, são ainda mais envolventes, afinal estamos falando de uma linhagem de nomes influentes no mercado e na história. Frank Geyer Abubakir, de 48 anos, por exemplo, é bisneto de Alberto Soares de Sampaio, fundador da Refinaria União (gênese da Unipar), e de outras indústrias.
Em 1977, quando Alberto veio a falecer, havia 14 delas que cobriu seu sepultamento, conforme fonte do jornal O Globo. O outro avô de Frank Geyer, o engenheiro João Teixeira Soares, foi responsável pelos projetos da ferrovia Vitória-Minas e de Curitiba-Paranaguá.
Ao pensar nesse histórico de empreendedorismo familiar, não nos custa muito imaginar o peso que Frank Geyer herdou, no início de seus passos na Unipar, que desde os tempos da Refinaria União, fundada em 1951, tinha capital aberto na bolsa. No final de 2004, após o falecimento de Paulo Geyer, seu avô, genro e sócio de Alberto na União, Frank assume uma cadeira no conselho como vice-presidente do board, representando o grupo dos herdeiros. Já em 2008, torna-se chairman, conduzindo a empresa na direção que mudaria seu próprio destino.
Frank Geyer Abubakir enfrentou a crise com princípios
Enfrentando uma perda de pedidos nos primeiros meses de 2020, devido à pandemia, a Unipar, mesmo assim, não demitiu ninguém. Mesmo o cloro e a soda cáustica, produtos relevantes na limpeza e purificação do sistema de abastecimento de água, não tivessem sofrido impacto, os pedidos de PVC (o poli cloreto de vinila) estagnaram. Esse composto possui 57% de cloro.
Frank abre o que sentiu nessa época: “Fiquei algumas noites sem dormir, pois havia uma super demanda para soda e cloro e nenhuma para PVC. Tinha estoques lotados, mas não era hora de ter a conta de lucro como principal, ali era o momento de enfrentar uma crise seríssima. Não é querer ser bonzinho, mas dizer que seguir princípios vale a pena”.
Em contrapartida do nicho de tecnologia e consumo, a acirrada competição na indústria química não se resume à criação de itens novos, agregar valores à marca ou ter grandes insights para a gestão. A palavra era confiabilidade. No caso da Unipar, a confiabilidade era traduzida nas entregas de quantidades e prazos estipulados, assim como a rigorosidade produtiva. Isso explica por que seria complicado “cair em tentação”, segundo as palavras do próprio Frank Geyer, e adotar uma jogada de downsizing.
Com muita seriedade e paciência, a Unipar atravessou o cabo da tormenta, ajudando, assim, a deteriorar a moeda brasileira, tornando o PVC da Unipar atraentemente competitivo, embora diante do gigante chinês concorrente — que, segundo Frank Geyer, não tem uma fonte energética pura, visto ser gerada pelo carvão.
A empresa que faz a química acontecer
Com um slogan simpático e fácil de ser lembrado – “faz a química acontecer” –, a Unipar é uma empresa em seu segmento que mantém o controle de segurança fundamental, não somente para que acidentes ambientais sejam evitados, mas, também, para que a saúde financeira do negócio seja preservada. Em recente gráfico da cotação de ações da Unipar na B3, pode-se observar o otimismo, com o papel triplicando de valor desde março de 2020, que foi o momento mais crítico da pandemia.
De alguma forma, isso se reflete pela carta dos investidores, onde celebra-se “a estratégia do crescimento”, resultando, ainda em 2020, em estratégias de alicerce, em pessoas e sustentabilidade, segundo o documento. Cita-se “clima positivo”, “aumento de investimento em desenvolvimento profissional” e “orgulho de pertencer à empresa”, ainda assim em “período tão adverso”.
Essa positividade é sintetizada por Frank Geyer em uma frase dita ao repórter em inglês:
“It ‘s about money, but not just about money” (“É sobre dinheiro, mas não só”, em tradução livre). Ele complementa: “Há a previsibilidade, há gratificações além do plano econômico, o ambiente agradável que é a nossa reserva de floresta”.
Ainda segundo Frank, a população de Cubatão, onde localiza-se uma das fábricas, deseja trabalhar na Unipar. “A indústria petroquímica brasileira tem um nível de remuneração alto, e eu vejo que minha turma tem qualidade de vida, às vezes acompanho até pelo Instagram deles. Temos aqui limites de segurança, de carga horária, não se trata do tempo da Revolução Industrial”.
Vale destacar que a Unipar é uma empresa que sempre deu preferência a competência e não se limitou a preconceitos sociais. Exemplo disso é a avó de Frank, Maria Cecília, que foi, curiosamente, chairwoman da Unipar e ganhou uma homenagem de seu neto no Dia Internacional da Mulher. Em seu Instagram pessoal, Frank se manifestou: “Muito orgulho de estar sentado na cadeira que ela ocupou no conselho — aliás, acho que durante alguns anos estive em um dos boards mais femininos de que eu já tive notícia!”.
A Casa Geyer, a Capela Sistina do Cosme Velho
Tendo como vizinha a residência onde Roberto Marinho recebia seus convidados para discutirem os próximos passos do Brasil, bem aos pés do Cristo Redentor, a casa Geyer, um belo terreno de 14 mil metros quadrados, é um local em que muitos ficariam felizes em viver. Frank Geyer Abubakir morou ali por dez anos, juntamente de seus avós, Paulo e Maria Cecília, e sua mãe, Cecília.
Uma coleção de mais de 4 mil pinturas embeleza a casa, muitas delas feitas por artistas europeus que conheceram nossas terras em épocas imperiais, retratando o Rio de Janeiro e o Brasil do século 19, tais como Ender, Taunay e Rugendas. Todo esse imponente acervo, juntamente com a casa, fora doado em 2014, em cumprimento de desejo que foi verbalizado em 1999, por Paulo e Maria Cecília. Em 2022, finalmente, o público poderá conhecê-la.
A casa foi apelidada de Capela Sistina, devido seus quadros pendurados até no teto que, para vislumbrá-los, é necessário olhar para cima.
